Após mais de uma década fora de operação, o histórico Vapor Benjamim Guimarães está novamente nas águas do Rio São Francisco, em Pirapora, no Norte de Minas. A embarcação foi colocada no rio no último dia 3 de maio e agora passa por uma fase de testes antes da reinauguração oficial, marcada para 1º de junho — data em que o município celebra seu aniversário.
A restauração do vapor foi viabilizada por um investimento de R$ 5,6 milhões, por meio de recursos da capitalização da Eletrobras, sob coordenação do governo federal. Segundo a empresa, este é o primeiro projeto concretizado com os fundos da nova fase da companhia e representa não apenas a preservação de um patrimônio histórico, mas também um impulso ao turismo e à economia da região.
“Essa será uma entrega muito simbólica para a Eletrobras. A restauração do Vapor representa a preservação de um bem histórico, mas também o fortalecimento da economia local, por meio da valorização do turismo e da cultura do rio da integração nacional”, afirmou Domingos Andretta, diretor de Implantação de Fundos Regionais da empresa.
Os trabalhos de restauração começaram em outubro de 2024 e foram conduzidos pela empresa Indústria Naval Catarinense (INC). As obras incluíram a substituição de partes estruturais, instalação de nova caldeira e intervenções para garantir a operação segura da embarcação, respeitando suas características originais.
A entrega também traz efeitos positivos para a gestão hídrica do Rio São Francisco. Segundo a Eletrobras, a operação do reservatório de Três Marias era limitada pela necessidade de preservar o vapor. Com a conclusão da obra, será possível flexibilizar a vazão de água do rio, o que beneficia tanto o patrimônio quanto as usinas da companhia localizadas em trechos mais baixos do São Francisco.
Ícone da navegação
Construído em 1913 nos Estados Unidos, o Benjamim Guimarães é a última embarcação movida a vapor e lenha ainda em operação no mundo. Desde a década de 1920, navega pelo Rio São Francisco e se tornou símbolo da história e da identidade cultural de Pirapora. Seu nome homenageia o empresário e filantropo Benjamim Ferreira Guimarães, figura importante no desenvolvimento de Minas Gerais.
O vapor está tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA/MG) desde 1985, mas estava parado desde 2013 por conta de problemas estruturais e entraves administrativos.
Com a conclusão da restauração, a embarcação será entregue à administração da Prefeitura de Pirapora, que planeja retomar os passeios turísticos pelo Velho Chico. A expectativa é que o retorno do Benjamim Guimarães ajude a preservar a memória da navegação fluvial e contribua para o desenvolvimento sustentável do Vale do São Francisco.